Fonte: Valor Econômico
O novo presidente da BB Asset, Denísio Liberato, planeja transformar a gestora do Banco do Brasil em um “hub” de investimentos que seguem as práticas ESG (sigla em inglês representa sustentabilidade ambiental, social e de governança corporativa). O executivo assumiu o cargo há um mês e criou um grupo de trabalho que se reunirá pela primeira vez nesta semana para discutir a criação de uma vertical na área.
A ideia é atrair grandes fundos de pensão, seguradoras e fundos soberanos estrangeiros: “Temos fundos que seguem os conceitos ESG em todas as classes, mas ainda é muito incipiente. E queremos aumentar a sinergia com o BB, que vai gerar ativos verdes de forma muito forte nos próximos anos”, afirma.
Segundo Liberato, essas entidades internacionais formam hoje a maior demanda por investimentos sustentáveis do mercado global. O executivo fala do assunto com autoridade: desde 2022, faz parte do colegiado da iniciativa Princípios para o Investimento Responsável, da Organização das Nações Unidas (ONU), e tem contato com as principais instituições do segmento. O programa foi criado em 2006 e tem mais de 3 mil signatários, com ativos sob gestão que ultrapassam US$ 130 trilhões, comprometidos com as áreas de direitos humanos, trabalhistas, meio ambiente e anticorrupção.
O conselho se reúne uma vez por mês para discussões e, uma vez por ano, os membros mostram como estão suas alocações de recursos e o caminho que estão percorrendo para ampliar os investimentos sustentáveis. “A longo prazo, o mundo vai ter que ser mais verde. As empresas estão aumentando o foco em estudos para inovar e ter um impacto menor no meio ambiente. Quem não está nesse caminho não vai sobreviver”, diz o novo presidente da BB Asset, único representante da América Latina na iniciativa da ONU.
Além de criar a vertical e captar recursos estrangeiros, Liberato quer estudar uma forma de “provocar” as empresas em que a gestora tem participações relevantes para acelerar o enquadramento nos critérios ESG. “No conselho da Previ fazemos isso já como rotina. Vejo espaço para essa atuação na BB Asset”, afirma. Ex-diretor de investimentos do fundo de pensão dos funcionários do Banco do Brasil, Liberato manteve seu assento no conselho da entidade após assumir a gestora.
Outro projeto de atuação, diz ele, é por meio de sinergia com o BB, que tem forte atuação junto ao agronegócio. “A BB Asset pode fazer a conexão entre a expertise do BB, uma inteligência de décadas no agronegócio, e esses investidores internacionais que estão atrás de uma atuação mais sustentável. Precisamos de bons ativos para atrair esse capital, avalia. De acordo com o executivo, é uma agenda que vai se fortalecer ainda mais no segundo semestre: “Vamos criar fundos que invistam nesses ativos. Queremos ser protagonistas desse momento.”
Liberato também já tem projetos na área de diversidade, com base no diagnóstico de uma consultoria contratada pela asset de que a principal lacuna é racial. “Como primeiro presidente negro, preciso colocar essa pauta como prioritária. A gente começa agora a montar um plano de trabalho para atacar os problemas identificados. Meu compromisso com a diversidade de raça e de gênero é integral. Assim como me foi dada a oportunidade, quero o mesmo para meus semelhantes”, comenta. “O mundo tem que ser verde mas também tem que ser inclusivo.”
Atualmente com 2,68 milhões de cotistas – são 1,75 milhão de investidores do varejo e 706 mil do varejo de alta renda- e R$ 1,4 trilhão sob gestão, a BB Asset tem seus fundos distribuídos pelas principais plataformas, mas o maior “canhão de vendas” são as agências do banco, diz Liberato. Ele vê uma maior disposição para diversificação de investimento, agora que começou o ciclo de queda de juros no país. “Os produtos diferenciados vão ganhar tração. Queremos ser a asset que vai explicar para as pessoas, com nosso conteúdo educacional, que é melhor estar aqui e diversificar sua carteira. E vou estar presente falando diretamente com o investidor”, diz.
