Fonte: Valor Econômico
O número de pessoas que trabalhavam como microempreendedores individuais (MEIs) no Brasil cresceu 17,9% em 2021, ante 2020, para 13,194 milhões. Frente a 2019, antes da pandemia, o aumento foi de 37,6%. Entre 2019 e 2021, foram 3,6 milhões a mais.
Os dados são da pesquisa Estatísticas dos Cadastros de Microempreendedores Individuais 2021, o primeiro levantamento do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) sobre o tema. Em 2021, os MEIs correspondiam a quase 70% (69,7%) do total de empresas e outras organizações e a 19,2% do total de ocupados formais. Isso significa que os microempreendedores correspondiam a sete de cada dez empresas do país e a um quinto dos trabalhadores formais.
A pesquisa do IBGE usa registros administrativos para chegar aos números. “Tudo indica que tem algum efeito da pandemia. [..] Uma mão de obra viu o microempreendedor individual como oportunidade de compensar a perda de renda. Pode ter relação”, afirma Thiego Ferreira, analista do IBGE. Em 2021, dos 13,2 milhões de MEIs, 9,2 milhões (70%) estiveram no mercado formal de trabalho no período entre 2009 e 2021. Desse grupo, 62,2% foram desligados pelo empregador ou por justa causa. Pesquisadores podem ligar essas dispensas com o chamado empreendedorismo por necessidade, ou seja, a pessoa que vai empreender diante da falta de oportunidades no mercado.
A maioria (50,2%) dos MEIs atua na área de serviços, que responde por 6,627 milhões dos 13,194 milhões de empresas desse tipo, enquanto o comércio é o segundo setor mais representativo, com 3,860 milhões ou 29,3% do total.
A pesquisa mostra que há concentração também quando se considera a área de atuação. Mais da metade (55,7%) dos MEIs está em
apenas 15 das 673 atividades existentes. A mais representativa é a de cabeleireiros e outras atividades de tratamento de beleza, que soma 1,2 milhão de pessoas, ou 9,1% do total de MEIs do país. O número de MEIs nessa atividade é quase igual ao de trabalhadores formais: a proporção é de 90,6%. O segundo maior grupo entre os MEIs é o dos que atuam no comércio varejista de artigos do vestuário e acessórios, com 939,6 mil pessoas, ou 7,1% do total dos MEIs. A seguir vem a atividade de restaurantes e outros estabelecimentos de serviços de alimentação e bebidas, com 827,3 mil ou 6,3% dos microempreendedores do país.
O microempreendedor individual pode ser tanto um estabelecimento quanto um prestador de serviço para outras empresas. No caso do setor de restaurantes, por exemplo, pode ser alguém que abriu um negócio na própria casa para fornecer serviço de alimentação, ou uma pessoa que oferece sua mão de obra para outra empresa, como um garçom.
Mais da metade (53,1%) dos MEIs do país tinha criado suas empresas há menos de três anos. A pesquisa do IBGE também levanta o perfil dos microempreendedores individuais: a maioria era homem (53,3%), da cor ou raça branca (47,6%), tinha entre 30 e 39 anos de idade (30,3%) e não possuía nível superior completo (86,7%). Na análise por região, o Sudeste concentra o volume de MEIs. São Paulo tem 3,6 milhões, ou 27,2% do total, o Rio de Janeiro tem 11,5% e Minas Gerais, 11,1%.